Entrevista | ROZANA NAVES | REITORA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
No início do semestre letivo, a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Rozana Naves, participou do programa CB. Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — de ontem. Às jornalistas
Ana Maria Campos e Mariana Niederauer, Rozana falou sobre as novidades para recepcionar os estudantes, os avanços no projeto de criação do Instituto Nacional do Cerrado, os impactos da greve dos servidores técnico-administrativos e a importâáncia da autonomia orçamentária das universidades.
A universidade está preparada para receber os alunos? O que tem de mudanças?
Sim, pela primeira vez, na verdade, vai ter a “Feira de Oportunidades — Vem pra UnB', que é uma nova modalidade de recepcionar os alunos. Teremos uma série de atividades que vão desde a participação dos alunos em palestras e atividades relacionadas ao próprio ingresso à universidade, além de exposições, atividades artísticas e esportivas. Do período da manhã até o início da noite, não só os calouros, mas todos os que já fazem parte da universidade e, junto do Diretório Central dos Estudantes, a gente vai estar bem movimentado nos dias 27, 28 e 29 para recepcionar esses alunos.
Haverá outras atividades específicas?
Estamos com outras em paralelo, então é o mês Agosto Lilás, algumas atividades vão acontecer no RU (Restaurante Universitário), sensibilização dos estudantes para essa temática da violência contra a mulher. Então, sexta-feira à tarde, no RU, segunda pela manhã, no auditório da reitoria e, depois, um processo de formação de gestores também nesse tema. E uma grande novidade é a criação do Instituto Nacional do Cerrado. O objetivo é aproximar a universidade nesse momento de abertura de semestre à comunidade também e, assim, incentivar novos ingressos.
Qual a relevância da criação do Instituto Nacional do Cerrado?
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e um dos mais devastados. Proteger esse bioma e os povos tradicionais que nele vivem é fundamental. Desde 2023, mais de 24 instituições de ensino se reuniram para propor ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação a criação desse instituto. A UnB está sediando o comitê que articula essa proposta, e a expectativa é de que a institucionalização seja um marco de defesa desse patrimônio.
A COP 30 pode impulsionar esse processo?
Com certeza. O Cerrado é o berço das águas nacionais e tem forte articulação com a Amazônia e outras bacias hidrográficas. O debate internacional dará visibilidade e fortalecerá o potencial político para a criação do Instituto Nacional do Cerrado. A UnB, inclusive, organiza um pré-evento em outubro, em sintonia com o governo federal.
Como está o esforço para manter o funcionamento acadêmico durante a greve dos servidores técnicos? Temos dialogado muito com o segmento. A pauta é relevante, trata de uma ação que transitou em julgado no STF e impacta reajustes da carreira.
Temos feito gestões junto ao STF, AGU, MGI e Ministério da Educação para buscar uma solução viável. Os professores concluíram suas atividades e conseguimos iniciar o semestre, mas sentimos muita falta do trabalho dos servidores.
Está em discussão um projeto de lei que dá mais autonomia às universidades. Qual a importância disso?
É fundamental. Hoje ficamos reféns das leis orçamentárias anuais, que sofrem influência da arrecadação. Com mais autonomia, poderíamos planejar em médio e longo prazo. A decisão recente do STF sobre a Cide como fonte de financiamento do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia também ajuda nesse sentido.
E a situação orçamentária da UnB neste ano?
Vamos fechar o ano sem cortes e com a liberação dos contingenciamentos. Isso nos dá segurança para manter o previsto, mas ainda sem possibilidade de crescimento, que é o que pleiteamos.